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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 513-1

513-1

PERFIL DE RESISTÊNCIA DE AGENTES BACTERIANOS COLETADOS DA CAVIDADE NASAL DE MATRIZES SUÍNAS APARENTEMENTE SAUDÁVEIS NO DISTRITO FEDERAL.

Autores:
Luciana Rigueira (SEAGRI-DF - Secretaria de Estado de Agricultura do Distrito Federal, UNB - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA ) ; Simone Perecmanis (UNB - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA ) ; Bruno Stefano Lima Dallago (UNB - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA ) ; Romulo Salignac Araújo de Faria (UNB - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA ) ; Maurício Macedo Rodrigues (UNB - UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA )

Resumo:
O uso de antimicrobianos, na suinocultura comercial, como promotores de crescimento promoveu a saúde do plantel com ganhos na produtividade. Entretanto, a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), Nações Unidas para Alimentação, Agricultura (FAO) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) alertam o perigo para a saúde única devido ao aumento de estirpes resistentes a antimicrobianos. Este trabalho possui o objetivo de isolar e caracterizar a microbiota da cavidade nasal de matrizes suínas no Distrito Federal (DF) e descrever o perfil de resistência dos cultivados bacterianos aos antibióticos mais usados na suinocultura. Foram identificados 82 agentes isolados de 30 matrizes em 6 granjas suinícolas no Distrito Federal sendo 55 classificadas como bactérias Gram+ e 27 Gram-. O número de colônias distintas por fêmea variou de 1 a 5 bactérias. Os estafilococos apresentaram maior prevalência, e na sequência, as enterobactérias. Foram realizados 52 antibiogramas por disco-difusão, obtendo-se 926 resultados de susceptibilidade do perfil de resistência. As bactérias testadas apresentaram 42% de resistência antimicrobiana (387/926). Florfenicol, ainda usado como promotor de crescimento pelas granjas analisadas no estudo, testou maior resistência (12%; 45/387), em seguida, clindamicina (9%; 36/387) e enrofloxacina (7%; 28/387). Foi relatado substituição da enrofloxacina pela marbofloxacina para controlar afecções respiratórias. As cepas patogênicas foram sensíveis a marboflloxacina (p= 0,0135), mas 2,58% (10/387) de resistência foi observada em agentes oportunistas. Os aminoglicosídeos apresentaram maior eficácia aos isolados testados (74%; 400/539), sendo a gentamicina muito usada para tratamento terapêutico. Apesar da doxiciclina (DOX) e amoxicilina com ácido clavulônico (AMC) terem testado sensibilidade razoável, bactérias que causam enfermidades respiratórias foram resistentes a DOX (p=0,017) e AMC (p= 0,0057). A administração de promotores de crescimento na ração é uma prática em todas as propriedades estudadas. Algumas granjas do estudo utilizam colistina e tiamulina na fase de recria, sendo que os dois últimos fármacos estão proibidos para essa finalidade, conforme IN n° 45/2016 e SDA/MAPA n°1/2020. Uma vez que o tempo de desmame e vazio sanitário adotado nas granjas avaliadas estão menores que os períodos recomendados pelo Manual do Uso Racional de Antimicrobianos na Produção de Suínos, o uso empírico de antibióticos pode estar atuando como uma tentativa de adequar técnicas de manejo em detrimento ao reforço da biosseguridade. A pontuação de vulnerabilidade variou de baixa a moderada entre as granjas visitadas, sendo que apenas a Granja de Reprodutores Suídeos Certificada (GRSC) obteve escore que classifica a granja como ¨Bem protegida¨. O estudo contribuiu com o conhecimento da situação epidemiológica no DF caracterizando pela primeira vez os agentes bacterianos respiratórios circulantes em granjas de matrizes suínas e respectivos perfis de resistência. A alta frequência de resistência aos antimicrobianos em matrizes suínas aparentemente saudáveis no Distrito Federal evidencia a necessidade de mais pesquisas que busquem por alternativas ao uso de antibióticos na suinocultura.

Palavras-chave:
 antibióticos, saúde animal, suinocultura, resistência antimicrobiana


Agência de fomento:
Secretaria de Agricultura do Distrito Federal, Seagri-DF.